O que é a Quaresma?

A Quaresma é um dos tempos litúrgicos da Igreja e nos prepara para a festa da Páscoa. Como prática obrigatória, foi instituída no século IV, mas, desde sempre, os cristãos se preparavam para a Páscoa com oração intensa, jejum e penitência. Este tempo dura 40 dias, começando na Quarta-feira de Cinzas e terminando às vésperas do Tríduo Pascal. 

 A Quaresma é, também, um tempo de conversão, ou seja, um tempo para nos arrependermos dos nossos pecados e voltarmos a obediência a Deus Pai.

A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que simboliza luto e penitência. A penitência cristã se manifesta de muitas maneiras, em especial pelo jejum, a oração e a esmola.

Estas e muitas outras formas de penitência também podem ser praticadas na vida cotidiana do cristão, mas as intensificamos especialmente no tempo da Quaresma e no dia penitencial: todas as sextas-feiras do ano.

Como devemos rezar na Quaresma?

 Primeiramente, devemos compreender que cristão deve rezar o ano inteiro; pois a vida do cristão deve sempre ser uma vida de profunda oração. Mas, na Quaresma, será que devemos intensificar nossas orações?

De fato, a Quaresma é um tempo de profunda conversão, de uma renovação espiritual. Portanto, podemos intensificar e incluir práticas que irão ajudar a vivermos com mais piedade esse tempo.

  •  Receba as Cinzas e medite o seu significado: “voltamos ao pó” que as cinzas lembram. “És pó, e ao pó tu hás de tornar” (Gên. 2,19). Esse sacramental da Igreja lembra-nos que estamos de passagem por este mundo, e que a vida de verdade, sem fim, começa depois da morte; portanto, devemos viver em função disso.
  •  Medite a Palavra de Deus, sobretudo as leituras que a Igreja coloca na Liturgia da Missa neste tempo.
  •  Participe da Via-Sacra sempre que puder ou a faça individualmente em uma Igreja, meditando o sofrimento de Jesus na Sua Paixão.

 

Jejum e abstinência na Quaresma

O autêntico jejum da quaresma no qual somos chamados, deve ser pautado pelo verdadeiro amor. São chamadas ao jejum quaresmal as pessoas que possuem entre 18 e 60 anos completos. Os demais podem fazer, mas sem obrigação. Grávidas e doentes estão dispensados do jejum, bem como aqueles que desenvolvem árduo trabalho braçal ou intelectual no dia. Essa orientação vale para a Quarta-Feira de Cinzas, para as demais sextas-feiras da Quaresma e a Sexta-feira da Paixão. O jejum eclesiástico consiste em fazer uma refeição até a saciedade — normalmente o almoço — e as outras duas refeições de forma ponderada, ou seja, comendo menos.

Olha o que diz o Catecismo da Igreja Católica, n.1438:

“Os tempos e os dias de penitência no decorrer do Ano Litúrgico (tempo da Quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja”

Já a abstinência de carne, consiste em deixar de comer a carne de animais de sangue quente (boi, frango, porco, etc.) e é observada não só na Quarta de Cinzas, mas em todas as sextas-feiras do ano, dentro e fora da Quaresma.

 

Penitência

O tempo da Quaresma, também nos pede que busquemos nos disciplinarmos para contrariarmos as vontades de nossa carne. Abster-se de comer um alimento que goste, delimitar tempo nas redes sociais, rezar o rosário diariamente, acordar 1 hora mais cedo…

Essas pequenas práticas podem ser oferecidas como penitências. Lembrando que, para ser considerada uma penitência válida, deve-se excluir o que gosta, e incluir o que não gosta. Se você não gosta de chocolate, não seria uma penitência excluí-lo do seu dia a dia, se você não o consome.

Veja opções de penitência para aplicarmos durante a Quaresma: 

  •       Trocar a carne por peixe, ovos ou queijo;
  •       Eliminar todos os doces, refrigerantes, chocolates e demais guloseimas;
  •       Comer algum legume ou verdura que não goste;
  •       Dormir sem travesseiro;
  •       Não usar elevadores ou escadas rolantes;
  •       Fazer os serviços mais incômodos na casa e no trabalho, ajudando os outros;
  •       Não assistir TV;
  •       Falar bem das pessoas que se gostaria de criticar;
  •       Acordar 1 hora mais cedo que o normal.

Lembrando de que não adianta você escolher todas essas formas de penitências, e não cumprir nenhuma de forma adequada. Faça uma escolha sábia, conforme suas possibilidades; mas ao escolher, se comprometa para fazê-la com excelência.

 

Esmola

Uma outra prática que a Igreja nos chama a realizar na Quaresma, é a esmola. Essa prática nos ajuda a combater nosso egoísmo, avareza, ganância e todas nossas paixões desordenadas.

O apóstolo dos gentios vê o apego aos bens materiais, sobretudo ao dinheiro, como idolatria, porque a pessoa o ama como a um deus, torna-se escrava da riqueza, e no seu altar queima um incenso perigoso. 

 Desde o princípio Jesus alertou os discípulos sobre este perigo, como no Sermão da Montanha: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedica-se a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a riqueza (Mt 6,24).

Portanto, que busquemos praticá-la visitando um doente ou idoso, aproximando-se de alguém de quem se está afastado ou brigado, ajudar material, espiritual ou psicologicamente alguém necessitado, atendendo bem àqueles que batem à porta de nossa casa.

Em resumo, podemos dizer que a prática da esmola pode ser realizada através das obras corporais e espirituais: aconselhar, consolar, confortar, dar de comer a quem tem fome, vestir os nus, sepultar os mortos, entre outros.

 

Por que não cantamos o Glória?

Durante este período, não cantamos o Hino de Louvor, popularmente chamado de “Glória” porque este é um hino que celebra a vinda do Senhor. Porém, a Igreja, durante a Quaresma, se volta em espírito a uma época em que o povo de Deus estava no exílio, esperando o Messias vir e salvá-los.  

É uma época de expectativa semelhante ao Advento, mas em vez de esperar o nascimento de Cristo do ventre de Maria, o povo cristão espera o segundo “nascimento” de Cristo a partir do sepulcro.

Além disso, seguindo este mesmo espírito de exílio, a Igreja se junta a Moisés e aos israelitas no deserto. É um tempo de agonia e purificação, à espera do Salvador. 

 

 

Fontes: CIC, CDC, Aleteia, ACI Digital, Com. Shalom, Canção Nova, Santaluziagardenia.org e padrepauloricardo.org.

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